Deixar casa, família, amigos e partir em perseguição de valores superiores… não é fácil! Como, também, não é fácil mesmo estando perto de tudo o que é nosso – e aqui refiro-me a vocês, voluntários em Portugal, dedicar 90% do vosso tempo a quem está a mais de milhares de quilómetros de distância.

O incrível, é que andamos “sozinhos” na concretização dos nossos ideias e tão imbuídos no amor ao próximo, que já nem queremos regressar de onde viemos – o tempo passa, e cada vez mais queremos fazer e fazer mais coisas. Porque aquele precisa da nossa ajuda, porque temos conhecimentos que eles não têm e, por isso, será uma mais-valia para ele, aquilo que eu tiver para lhe dizer. E dás por ti numa vida que, até, chegas a pensar que é a tua vida de sempre e para sempre – “já não queremos mais sair daqui!” Sentes falta da tua mãe, da tua avó, sentes falta do aconchego delas…. Mas, o abraço destas mamãs e vóvós tem o mesmo sabor, que o abraço da minha mamã e da minha vóvó em Portugal.

Mas, porque não é só dar o dinheiro, que fará um dia, com que estas famílias consigam ser independentes, é importante perceber o que pensam as mamãs em relação ao apoio da ataca, se sentem que houveram mudanças nas suas vidas, a partir do momento que começaram a ser apoiadas por todos nós. Por isso, tenho falado com as mamãs acerca do que mudou nas suas vidas, desde que começaram a ser apoiadas pela ataca.

Aqui vão os relatos de algumas mamãs:

Mudou muita coisa: já tenho latrina, já tenho vinte chapas, já tenho vinte paus ferro. Comida, na escola das crianças também. Antes de fazer este apoio, fazia duas refeições por dia (almoço e jantar), agora, também, faz matabicho. Compro caderno, uniforme, graças ao dinheiro da ataca. Sinto que gostaria que este projecto continue.

Quando entrei no ataca consegue latrina, comprei chapas, depois paus de ferro. Depois, sempre que recebia comprava paus, mandei a casa abaixo… Tudo isto foi graças à ataca – agora a casa está de pé. Consegui uniforme dele, comprei pasta dele… Agora, quando alguém fica doente, é mais fácil comprar os remédios. 

A ataca, ajudou-me muito, gostei muito. Não contava ter esta parte de casa. A minha vida melhorou com esta casa mesmo, eu como viúva não contava mesmo. Agora a ataca quando mi dá, consigo comprar uniforme dos meus filhos…. Sim, sim…

Tenho todo o rancho em casa (matabicho, almoço, jantar), tenho roupa, eu e as crianças. Compro pratos… Agora consigo ter dinheiro para os remédios… Dantes, passava mal mesmo. Agora, também, consigo fazer machamba, com este dinheiro.”

Antes de entrar no projecto estava mesmo desesperada, tinha crianças para ir na escola. Agora, comprou material escolar, uniforme, sapatos. Ás vezes, também, alguma roupa que não seja uniforme. Comprei fogão, às vezes copos e comida para casa. Antes, fazia almoço e jantar, agora faz matabicho, almoço e jantar. Pouco a pouco, estou a melhorar a minha casa.”

As crianças agora estão a estudar, com a graça da ataca. Comem bem; quando recebo tenho dinheiro para comprar, para comer bem…sapatos também tem. Quero que os padrinhos desses meus filhos, sempre tenham saúde para nos ajudar. Com este apoio consigo ir na machamba. Crianças dormiam mal, agora dormem bem – têm colchão, têm lençóis, rede mosquiteira. Não tínhamos água, não tínhamos energia em casa, mas com a graça do padrinho, já temos. Eu andava a pensar muito, agora sei que a minha vida está a andar um pouco.
Porque sei que os tempos não estão fáceis… Aceitem estes relatos como um “miminho” pois, afinal é por isto que trabalhos!
ESTAMOS JUNTOS!

Beijinhos e Abraços,
Até Breve!

Rita Castro Meneses
2 Responses to O que o outro sente…
  1. Rita,

    É tão bom saber que com o apoio da ataca a vida de algumas famílias está a melhorar!

    Por vezes é difícil continuar porque o registo de dados é um prolongar do que se faz durante a semana no nosso trabalho… por vezes falta o alento… a vontade de ter que continuar a levantar mais cedo para ir trabalhar… mas, eis que surge um relato como o teu e… toca a levantar que estamos aqui para ajudar! Bem hajas por manter a chama viva! Por nos motivares. Prometemos arranjar forças para continuar deste lado a fazer a ponte entre as crianças e suas famílias e os tutores.

    Força aí! Gostamos muito de vocês 🙂

    Um grande xi para todos os voluntários, para as crianças, para o Melo e o Evaristo e para a Irmã Idalina das

    Sisters

  2. Que post fantástico Rita=)! Gostei muito dos testemunhos das mamãs, que a ataca perdure muitos anos para as ajudar a todas.

    beijinho e abraço grande para todos aí,
    João


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