Postagem original em: Quarta-feira, Janeiro 10, 2007

Estava o outro dia na escola, na varanda, a apanhar um pouco de sol, entre duas aulas, quando chega o J, um colega mais jovem, meio esbaforido, a chamar:

– F, ouviste a rádio?

– Não. Tenho estado em aulas. Que se passa? – perguntei.

– Foi assassinada uma Voluntária em Moçambique. E um padre também.

– Onde em Moçambique? – perguntei surpreendido, com um nó na garganta. Foi como se tivesse levado um murro no estômago.

– Em Téte. A vossa onde está? Não é lá, pois não?

– Está em Quelimane, respondi, mais aliviado.

Os pequenos pedaços de informação dispersa que o J me trouxe, ouvidos no noticiário da rádio foram aliviando o pânico de imaginar que algo de errado se tivesse passado com a Bárbara, a voluntária da ataca. Não que a situação só por si não me chocasse.

Ser voluntário significa querer, ter vontade e disponibilidade para ajudar os outros. O voluntariado é um aspecto fundamental da ataca. A Bárbara é neste momento, a voluntária da ataca em campo, em Moçambique, no teatro das operações. A Bárbara é uma jovem gestora que está a fazer o levantamento das crianças a propor para apadrinhamento. Esta é uma tarefa mais complexa do que nós, europeus, podíamos alguma vez esperar. Mas está a fazer-se e em breve teremos um cadastro de crianças a apoiar fiável e credível.

A importância do trabalho dos voluntários é fundamental para a nossa associação. Vital! Mas mais do que isso, mais do que o seu trabalho, a nossa voluntária é importante enquanto pessoa. Enquanto alguém generoso, que se disponibiliza a dar uma ano da sua vida para ajudar os outros. Arriscando a vida. Tudo o que tem.

Obrigado, Bárbara.

Fernando Leite

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