“Encarei a minha ida a Moçambique como uma possibilidade única de experimentar algo de totalmente diferente, de conhecer um tipo de vida que não é o meu, de conhecer uma cultura nova e de me observar nestas condições.
Quando cheguei, fascinou-me o “mundo novo”. A paisagem e as pessoas, especialmente as pessoas. Foi-me mais complicado reabituar à frieza e antipatia europeias do que acostumar-me ao calor e simpatia dos africanos. Acaba por parecer óbvio, mas surpreendeu-me. Apenas quando cheguei é que descobri o que realmente me levou a ir lá, as pessoas. O mais importante de tudo, as pessoas. Fomos muito bem tratados por todos, em Quelimane, desde as pessoas que “apenas” sorriam para nós na rua até aos nossos amigos, passando obviamente pelas crianças, com quem trabalhámos.
Em termos de trabalho, superou todas as minhas expectativas. Todos os dias trabalhei o máximo tempo que podia, em diferentes obras e trabalhos, e qualquer delas me dava um gosto fantástico!
As obras são muito diferentes entre si, conseguindo todas ter um encanto especial, que me faziam querer tanto ir lá trabalhar, que, caso voltasse e tivesse que escolher um sítio para trabalhar, teria que sortear, pois são todas demasiado apelativas. Ao trabalhar em todas as obras, tive a possibilidade de conhecer rapazes e raparigas de diferentes idade e classes sociais e penso que assim consegui conhecer também um pouco mais de cultura daquele povo fantástico.”
Este foi o texto que escrevi quando cheguei a Portugal, há quase dois anos. Preparo-me agora para voltar, num projecto muito diferente e com uma curiosidade muito aguçada. Tenho descoberto, ao longo deste tempo, muito sobre o que é ajudar e quais as melhores formas de o fazer. Ainda tenho um longo caminho pela frente e, espero, muitas experiências para passar.
Será que os sorrisos continuam a estar lá para me receber? Não duvido… Será que o meu trabalho ficou todo feito no pouco tempo que estive lá? Sei que não…Será que vai ficar completo com o meu regresso? Não acredito! Será que vou ver o resultado do meu trabalho em alguma criança? Esta é a pergunta à qual não sei responder, apesar de estar a imaginar a sua resposta há dois anos. Sei que em mim notei a diferença, por isso o “trabalho” que aquela gente fez comigo deu frutos.
Ser voluntário é fascinante, mais do que isso, viciante. Pois quem se dá recebe sempre mais. E isto é o que todos sentimos quando voltamos a “casa”.
Vemo-nos em Maputo, ou Quelimane, ou qualquer outro sítio onde valha a pena ir e que valha a pena conhecer, onde haja quem nos receba e queira o que temos para dar.

Filipe Melo

2 Responses to Encarei a minha ida a Moçambique…
  1. Bravo Filipe.
    Esta é uma boa maneira de conhecer actividades e emoções.
    Beijos dos avós Isaurinha e Rui

  2. Frederico Tomé Ribeiro 16 Janeiro, 2014 at 11:49 Responder

    Muito grande filas. tenho pena de nao puder ir contigo mas a sempre o proximo ano. espero q corra tudo bem e q consigas fazer ainda mais do q fizeste a dois anos.
    Grande abraco


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