Durante a semana temos conseguido fazer todo o trabalho que nos propusemos fazer antes de vir e ainda conciliar com algumas tarefas que por cá nos comprometemos a fazer, com um gozo só possível a quem trabalha por gosto e ainda com espaço para umas pequenas brincadeiras com as crianças que nos rodeiam nos intervalos das aulas. Ao fim-de-semana aproveitamos para conhecer um pouco mais do Moçambique fantástico que nos rodeia, visitando alguns sítios que nos têm deliciado. Vou então deixar-vos com água na boca com algumas descrições e fotografias da ilha de Inhaca, que visitamos no fim-de-semana passado e da Ponta d’Ouro que visitamos nestes 3 dias aproveitando o feriado de sexta-feira.
Tiago, não tens um amigo que está cá a viver? Podias perguntar-lhe se este fim-de-semana queria ir até à praia connosco…
O Tiago falou com o Pico e combinamos ir passar o fim-de-semana à ilha de Inhaca. Às 6.15 estávamos no porto, erro de cálculo, o barco só ia partir às 7.30. Mas então lá fomos os 4, o Fernando, já nosso companheiro de aventuras, o Pico e mais 4 amigos que nos apresentou, o Manel, o Jorge, a Marta e a Djale. Começamos mal o dia, muito ensonados entramos no barco e cedo nos apercebemos que aquela viagem de 3 horas ia parecer bastante mais longa, o barco abanou vigorosamente grande parte da viagem e nenhum de nós se safou de enjoar, enfim, uma parte do fim-de-semana para esquecer.
Eram quase 11 quando desembarcamos na pequena ilha de Inhaca, quando a serenidade do mar contrastava com as nossas memórias das últimas horas.
Depois de nos instalarmos, processo em que travamos conhecimento com duas voluntárias espanholas que ficaram instaladas connosco, negociamos com um pescador para que nos levasse à ilha dos portugueses, que ficava muito perto dali e tinha uma praia e paisagens fabulosas, diziam-nos.
Confirmadíssimo! A ilha dos portugueses valia mesmo a pena! A praia era fabulosa, a água morna e transparente e estava completamente deserta! E ainda à distância de alguns metros esperava-nos uma paisagem fabulosa. Esta ilha valia mesmo a pena, a viagem já estava praticamente esquecida e já estávamos restabelecidos após uma soneca ao sol.
De regresso a Inhaca relaxamos até à hora de jantar (uma comidinha óptima preparada pela Marta) e entre conversas comemos muito bem. Para os mais resistentes (ou os que conseguiram dormir na praia) ainda houve forças para dar um pequeno passeio na vila com direito a paragem numa casinha em jeito de discoteca, em que toda a gente dançava, dentro, fora, crianças, adultos, enfim, um ambiente muito engraçado.
O problema dos fins-de-semana é que só têm 2 dias, então este já seria o último. Desta vez ficamos na ilha de Inhaca, onde o areal era de quilómetros e para chegar ao mar tínhamos que percorrer uma distancia enorme, onde víamos caranguejos, amêijoas, estrelas do mar, búzios, um passeio engraçado e necessário, porque estava muito calor… Demasiado cedo tivemos que voltar para Maputo, sempre com a sensação de que valeu realmente a pena…curiosamente a viagem de regresso foi calmíssima e não nos provocou os melhores estragos, para que na segunda-feira pudéssemos voltar ao trabalho com as energias no máximo!
Depois de mais uma semana de trabalho voltamos a ter um fim-de-semana óptimo!
Desta vez fomos até à Ponta D’Ouro. Tínhamos combinado com a Marta e a Djale que estaríamos no batelão às 6.30 e lá nos encontrávamos com elas e um amigo que iria dar boleia a alguns de nós, tendo os outros que apanhar o “chapa”. Entretanto elas decidiram que não iam, porque o tempo estava ameaçador, mas o amigo lá estaria e podia dar boleia a quase todos. Conhecemos então o Marco, nosso companheiro de fim-de-semana, que mesmo sozinho ia para a Ponta para fazer mergulho. Tivemos mais sorte do que esperávamos! O Marco tem uma pickup e podemos ir lá todos, porque eu fui na caixa aberta, lá atrás!
Todos nos diziam que a estrada para a ponta era mesmo má e que tínhamos que ser malucos para ir de “chapa”, não era exagero! A estrada era terra, inicialmente e depois areia durante largos quilómetros. Sem dúvida inultrapassável sem um 4×4! A viagem correu bem (salvo uns problemas no filtro do carro) e 3 horas e uns saltos depois já estava na Ponta.
Primeira impressão, só Jipes! Segunda impressão, só Sul-africanos! Terceira impressão, depois de conhecermos o dolphin (nosso lar de fim-de-semana) e de olharmos para a praia, lindo… Que sitio bonito… O ideal para os nossos planos de fim-de-semana relaxado!
Depois de nos recompormos da viagem, fomos até à praia, que tinha ondas e uma água óptima! Para mim estava ideal! Ehehe começamos então o nosso relaxamento na praia e continuamo-lo numa zona excelente do dolphin, onde estavam uns pufs e sofás a 5 metros da praia…perfeito!
Hora de jantar, as melhores pizas de Moçambique e arredores! Depois tempo de descanso, que o dia tinha sido longo. Tempo de descanso é uma coisa um bocado relativa aqui, descobrimos… há uns animaizinhos pequenos, com asas, acho que se chamam mosquitos. Quando os mosquiteiros estão furados eles fazem questão de nos fazer companhia a noite toda! Um pesadelo de noite, mesmo…
Finalmente era de manhã! Já podíamos ir para a praia, onde estávamos a salvo destes monstrinhos! Assim foi, relaxar na praia, ao sol, a recuperar a noite difícil… o dia passou tranquilo até que o Marco nos disse que nos ia levar a ver uma paisagem bonita ali ao lado… Ficamos calados durante algum tempo, a paisagem era estonteante e o melhor ainda estava para vir. Estávamos 50 metros acima da água numa escarpa junto à praia deserta. Fabuloso mesmo! Então começamos a ver água a saltar, lá ao fundo. O que era? Baleias, sim, várias! Saltavam e exibiam-se para nós… Perdi um bocado a noção do tempo, confesso, mas acho que seguramente uma hora estivemos a deliciar-nos com aquele espectáculo! A calma transmitida por aquele lugar era contagiante, acabei por adormecer perdido nos meus pensamentos.
Mais um jantar e um bocado bem passado na zona dos puff’s, que foi praticamente monopolizada por nós e um sono, desta vez tranquilo, porque já nos tínhamos prevenido com mosquiteiros novos!
Domingo bem cedinho já estávamos a pé para aproveitar aquela praia óptima! Relaxadamente passou a manhã e estávamos refeitos para nova semana de trabalho… Era tempo de regressar e de nova viagem por areia e terra, com uns quilometrosinhos de alcatrão pelo meio para distrair…mais uma vez lá me ocupei do meu lugar na caixa aberta e alem da paisagem linda à minha volta, vi macacos a atravessar a rua e um por do sol fabuloso no horizonte! Aquela viagem valia a pena fazer cá fora e de pé!
Já estão com inveja suficiente ou temos que começar a procurar novo destino para o próximo fim-de-semana?
Caros colegas!
Apraz-me ver que tudo está a correr bem. As saudades desse país carregado de personalidade estão sempre presentes e só através dos vossos testemunhos as consigo apaziguar. Neste momento encontro-me no meio de Paris e não me é possível parar de pensar no que aí me foi ensinado, coisas que dificilmente poderia ter aprendido em outras partes do mundo.
Beijos e abraços para todos aí que dignificam a nossa associação assim como a condição humana esteja ela onde estiver.
Duarte