A viagem…

Para quem ia para Pemba a viagem foi longa, no primeiro dia até Nampula e no segundo até Pemba. A viagem até Nampula foi a mais dura, o “machibombo”, a que alguns chamavam expresso, ia completamente cheio e de cada vez que parava não dava para esticar as pernas sequer. Esta viagem começou em Quelimane onde as 3 e meia da manhã já estávamos na estação de machibombos para seguirmos viagem, que teoricamente começaria as 4 e meia da manhã. Qual não foi o nosso espanto, enquanto esperávamos pela hora de entrada no machibombo, apercebemo-nos que este já estava cheio de gente a dormir que não tinham bilhete. Mas isto não nos incomodou muito pois como já o tínhamos comprado a viagem já estaria garantida. 

Finalmente chegaram as 4 da manhã, hora de se abrirem as portas, e logo começou os normais empurrões para entrar em primeiro lugar. Quatro das cinco pessoas que iam viajar entraram logo tendo ficado o Teles, com a ajuda do Raul, encarregado de despachar as malas. Quando finalmente estava tudo pronto a partir, já por volta das 5 e meia da manhã, o cobrador lembrou-se de tentar compactar ainda mais as pessoas para que conseguisse levar mais gente, estas a pé como é óbvio. Nesta altura começou a confusão, não havia mais espaço, e como o cobrador queria por lá dentro mais gente,  alguns dos passageiros começaram a ficar fartos, dizendo frases como: “Chamem a polícia”, “Chamem a televisão”, “Já há gente a morrer afogada aqui. Com toda esta confusão gerada o machibombo só arrancou as 7 da manhã, duas horas e meia mais tarde que o previsto.

O condutor mete a 1ª velocidade, larga a embraiagem e o motor vai abaixo, neste momento todos os passageiros se riam e gozavam com o condutor dizendo: “O motor caiu”. A segunda tentativa o machibombo arrancou mas quando o condutor engatou a 2ª velocidade esta saltou logo fora. Começava-se a prever uma viagem comprida e repleta de aventuras.

A viagem continuou, numas alturas mais devagar noutras bastante mais depressa e nós os 5 praticamente sem conseguirmos dormir. Fizemos várias paragens durante as quais os típicos vendedores de rua tentavam vender tudo e mais alguma coisa pela janela do machibombo, pessoas a comprar fruta, refrescos, galinhas, tomates e bolachas eram uma constante em todas as paragens. Quando nos começamos a aproximar de Mocuba (local onde o Pedro e a Alexandra iriam sair para puderem apanhar outro machibombo até Milange),

 estes mais o Teles começaram a “tentar” aproximar-se da porta para convencerem o cobrador  a dar-lhes as malas. Gera-se alguma resistência mas ao fim de algum tempo lá acabou por dar.

O resto da viagem foi correndo, sem grandes sobressaltos, mas com o habitual stress de viajar num machibombo em Moçambique.

Chegando a Nampula, já de noite, ligamos a Selma, amiga do Tiago Ribeiro que vive lá, para conseguirmos uma boleia e arranjar um local onde descansar algumas, poucas, horas. A Selma deu-nos o número de um taxista seu conhecido, o Sarij, que nos foi buscar, e ajudou-nos a escolher uma pensão onde descansar. A escolhida foi a pensão Farahma. Antes de conseguirmos dormir qualquer coisa tivemos que ir comer, pois  já não comíamos desde o jantar do dia anterior, que foi  muito bem servido num restaurante em Quelimane, o Gani. Fomos ao primeiro restaurante que nos apareceu, uma marisqueira, onde nós os três (Fred, Teles e Margarida) comemos pizza. Depois finalmente pudemo-nos estender numa cama para dormir.

No dia seguinte as 3 e meia o Sarij foi-nos buscar e levou-nos a estação de Machibombos, desta vez os mais pequenos. Sentamo-nos, as malas foram para cima do machibombo e arrancamos passados uns minutos, tudo corria bem. Até Pemba a viagem foi mais descansada, menos gente, menos confusão, paragens mais rápidas, concluindo uma viagem bem mais confortável e rápida.

Por volta das 10 horas começamos a ver no horizonte o que parecia o mar, ou uma baia, nessa altura já sorriamos, estávamos a chegar a Pemba. Demoramos mais uma hora, hora e meia até sair.

Já com as malas na mão e fora do Machibombo começou-se a aproximar de nós 3 pessoas, o Fernando, a Ursula e a Raquel que nos receberam calorosamente. O Fernando já todos conhecem, esteve em Maputo com alguns voluntários da ataca no verão passado e com a Elizabete em Pemba, a Ursula e a Raquel são duas voluntárias, uma espanhola e a outra do Peru, que estão em Pemba.

Pousamos as malas nos nossos quartos,  conhecemos o Ir. Godinho e o Padre Zé e fomos almoçar. Finalmente uma refeição em condições desde que saímos de Quelimane. De tarde fomos dar uma volta pela cidade, conhecemos a Ir. Marta e fomos finalmente ver a famosa baia de Pemba. Uma vista espectacular, uma baia fantástica mas muito pouco aproveitada.

 

Irmã Marta, Fernando, Teles (escondido) e Fred

Nesse dia pouco mais fizemos, a não ser combinar uns detalhes do trabalho com o Fernando e relaxar um bocado. No dia seguinte começaria o trabalho a sério.

 

Depois da viagem…. O trabalho.

 

            Segunda-feira

 

 

 

Na segunda-feira fomos com a Ir. Erenita visitar as escolinhas todas, Natite, Lióce, Cariacó, Mahate e Gingone, fomos de carro pois é à segunda-feira que se distribui os alimentos. Em cada escolinha éramos recebidos com um “bom dia bom dia” das monitoras e directoras e das crianças, em coro e bem alto, um: “Bom dia visita”, ao que nos respondíamos “Bom dia meninos, como estão?”, e mais uma vez em coro todos diziam “Nós estamos bem de saúde, não sabemos como está a saúde das visitas”… mais não é preciso dizer, em todas as escolinhas fomos muito bem recebidos. A visita as escolinhas acabou antes do meio-dia, e no caminho para casa passamos pelo Pemba Beach Hotel (não entramos), e todos nos ficamos chocados como uns metros ao lado daquele luxo todo estava o Matope, zona de bairro com ruas em terra.

                Depois de almoço fomos dar uma volta pela cidade para a ficar a conhecer um pouco melhor e para comprarmos algumas coisas essenciais, credito para o telemóvel, uns cadernos umas folhas, etc..

Escolinha de Natite
           Terça-feira

                 Terça-feira fomos a Mahate, a escolinha mais longe de todas, com o trabalho de recolha de informações. Começamos por falar com as monitoras e directora para combinar como íamos recolher as informações necessárias para o PTàD, quem fez este trabalho foi essencialmente o Teles, o Fernando e em parte o Fred,  enquanto que a Margarida, juntamente com uma das monitoras, fazia um teatro para as crianças. Pena não ter sido filmado, pois achamos todos muita piada.

                Como é óbvio não nos podíamos esquecer das crianças que já estão no projecto e apadrinhadas, aqui chamadas de atacas, a quem começamos por recolher fotografias, uns desenhos, e mais algumas coisas. Aproveitamos também para ir aos ficheiros das crianças que não fazem parte da nossa base de dados, copiar algumas informações, como o nome, o nome dos pais, etc., para que a recolha de informações nas entrevistas seja mais fácil e eficaz. Enquanto fazíamos isto, as outras crianças todas pediam-nos para tirar algumas fotografias, já que atrás de cada flash aparece uma multidão de crianças.

Margarida na Escolinha de Natite


                Depois de termos feito o que nos tínhamos proposto para esse dia, enquanto esperávamos pela nossa boleia, com as crianças fizemos o jogo do lencinho e modelagem com plasticina, em que todas as crianças fizeram bonecos, bolas, cobras, caracóis, etc.

Quando a nossa boleia chegou fomos para casa almoçar.

                De tarde fomos a Cariacó, falar com as monitoras, a directora e consultar o ficheiro das crianças, como tínhamos feito de manhã.

                Ao fim da tarde fomos para casa, jantamos e a noite fomos ao fantástico restaurante do Sr. Armando, onde bebemos um café expresso, bebemos uma coca-cola, sentados na mesa do dono do restaurante a ouvir as suas muitas histórias.

               Quarta-feira

                Quarta-feira foi o dia mais duro até agora, de manhã a recolha de informação em Lióce, o Teles e o Fernando foram mais uma vez ao ficheiro, desta vez de mais de 100 crianças, copiar o nome, nome dos pais, etc., e tiveram a falar com as monitoras e directora.

                O Fred e a Margarida tiveram a tirar fotografias as crianças já apadrinhadas pela ataca, a fazer um desenho com elas. Passamos ainda por Cariacó onde fizemos a mesma coisa que em Lioce.

                Depois de almoço ficou decidido que o Fred e a Margarida ficariam em casa, o Fred para organizar as centenas de fotografias novas que tiramos e introduzir na base de dados novas crianças e a Margarida a preparar as actividades que vai fazer com as crianças. Enquanto isso o Teles e o Fernando foram a Natite fazer a pré-recolha de informações tendo chegado a casa já tarde e cansados. 

                

 

Parece pouca coisa, mas na realidade é muita e dá trabalho e é para isso que cá estamos.

Este texto foi escrito pelos 3 voluntários que estão em Pemba e queríamos agradecer a ajuda essencial do Fernando e a oportunidade que a ataca nos deu.

 

Fred, Teles e Margarida

One Response to Até dia 6 de Agosto
  1. Olá amigos!!Como está tudo aípor Pemba?Em Quelimane está tudo óptimo mas já temos saudades vossas.
    Queria dizer o quanto me orgulho por fazer parte de uma equipa com pessoas como vocês porque embora longe estamos todos juntos no mesmo.
    Bom trabalho e beijos grandes
    Estamos Juntos!


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