Por cá continuamos, agora reforçados com a voluntária Paula, que veio para um ano, já ambientada ao grupo, ao trabalho e à casa. Foi muito boa a passagem dos outros voluntários da ATACA aqui por Quelimane, e tendo em conta que Quelimane foi o nosso projecto de arranque foi muito bom termos festejado todos juntos aqui mesmo o 2º aniversário da Ataca.

Nunca aqui tinham estado tantos voluntários da ATACA ao mesmo tempo, e como tal, tanto os miúdos da casa, como os nossos colaboradores e amigos da nossa causa ficaram contentes e perceberam que de facto há muita gente a trabalhar aqui e ao longe por uma mesma razão. Assinalámos o aniversario com um jantar também de despedida pois no dia seguinte à chegada a Quelimane, os voluntários iam partir ate aos seus destinos de Pemba e Milange, e foi com muita festa e entusiasmo que estivemos todos a conviver no restaurante do nosso amigo Gani, orgulhosos por fazermos parte da ATACA e orgulhosos de quem ai ao longe continua a trabalhar, pois o trabalho de terreno só não chega. Pensamos muito em todos os que ainda aqui não tiveram oportunidade de vir, mas que vivem tudo de uma forma extraordinária e a quem temos de agradecer. Em dois anos já fizemos muita diferença na vida destas pessoas, e a ATACA continua a crescer e com certeza muitos mais anos de sucesso virão.

Quando todos os voluntários que partiram chegaram aos seus destinos, foi tempo de nós aqui em Quelimane nos reorganizarmos e continuarmos o trabalho ao ritmo que já nos tínhamos habituado. Ritmo acelerado ao máximo para pudermos levar tudo para Portugal, mas à medida que nos vai sendo permitido, pois aqui não há lugar para stress. As coisas vão fluindo com calma e tranquilidade. A paz moçambicana a que já nos habituamos e à qual nos temos de adaptar.

Sendo agora 4 voluntários, e dada a carga de trabalho que Quelimane nos exige, tem sido mais fácil dividir trabalho, e até mesmo o próprio trabalho da casa que é necessário fazer.

Já iniciamos segundas visitas aos nossos afilhados externos, e temos já condições para levar para Portugal informações de futuros afilhados. Tem sido excelente trabalhar com os secretários dos bairros, que se têm revelado acessíveis e preocupados, e por isso a selecção das famílias tem sido facilitada. As notas do segundo trimestre de todos os afilhados já estão a ser recolhidas, embora por vezes as escolas nos dificultem o trabalho, pois ainda há notas a sair, e as visitas têm de ser mais que muitas. É necessária persistência da nossa parte, algo que não é problema para nós.

Na próxima semana estamos a tentar combinar uma reunião com todos as mamãs, para que todas conheçam a Paula, uma vez que por aqui vai estar um ano, e é extremamente necessário criar uma ligação de confiança entre as mamãs e os voluntários que com elas trabalham.

Também esta reunião vai permitir que se possa fazer uma avaliação mais global da opinião das mamãs até agora do nosso trabalho e do nosso projecto. Mais importante do que fazermos o que quer que seja aqui é necessário saber ouvir, algo que eu aprendi o ano passado, pois o que para nós pode ser verdade absoluta, não significa que aqui o seja.

Assim, o nosso trabalho este mês tem exigido de nós um grade enraizamento no seio da comunidade dos bairros, das famílias, tem nos obrigado a estar ao máximo com a populaça e com todas as crianças externas. Conhece-las ainda mais, e conviver com elas.

Esta semana, aproveitando a ida da Irmã Lídia até Milange, fui com ela para conhecer o projecto que lá estamos a apoiar, e para ver como estavam os nossos voluntários.

Milange é totalmente diferente de tudo o que vi até hoje em Moçambique, parecendo que mudamos totalmente de país. Extremamente montanhoso, com uma temperatura mais baixa, e muito rica em água que provém das montanhas, é uma província com terra riquíssima, onde em qualquer pedaço se vê uma machamba bonita e rica, e onde toda gente trabalha na terra. A obra onde os nossos voluntários estão a trabalhar é fantástica, e permite a muitos rapazes prosseguirem com os seus estudos, estando a maioria entre a 7ª e a 10ª classe, alguns direccionados para a prática agrícola, o que é muito importante tendo em conta que assim permite adquirirem conhecimentos de forma a aproveitarem ainda melhor os recursos naturais que possuem.

Quanto aos nosso voluntários, o Pedro e a Alexandra, passam o dia em explicações e aulas, sendo totalmente consumidos pelos rapazes da casa que têm mesmo força de vontade em aprender e aproveitar a sua presença lá.

Foram 3 dias de privilégio para mim pois permitiram-me conhecer uma outra realidade totalmente diferente de Moçambique, e ver como o nosso trabalho em Milange está a correr muito bem.

Quanto aos nossos voluntários em Pemba, o Tiago o Frederico e a Margarida têm também feito um excelente trabalho, como já esperávamos e a eles mando também um grande beijinho e que tudo corra bem até o fim.

A ATACA está de facto de parabéns, não só pelos 2 anos de existência em que ultrapassamos muitas dificuldades e conquistamos o respeito e admiração de muitos mas sobretudo porque possui em seu redor um leque de pessoas entusiastas, inteligentes e trabalhadoras, que vivem de uma forma única as suas vidas e recebem em troca algo que não tem preço. Os sorrisos de cada criança quando nos vêm, o calor das pessoa quando nos recebem, a esperança de uma vida um pouco melhor. Não há forma de agradecimento possível aos que nos apoiam, pois sem eles as coisas não aconteciam por magia, nem ao trabalho e tempo que cada um de nós dedica para que tudo aconteça. É saber viver, e poder fazer a diferença. Algo que está ao alcance de todos nós. Parabéns a todos da família ATACA.

Rita Esteves

One Response to QUELIMANE
  1. Menina!! E com prazer que leio estas tuas noticias.. E com prazer que sou teu "colega" de trabalho na ATACA! Somos.. GRANDES, MUITO GRANDES!! Desejo que ai em Quelimane continue tudo a correr lindamente!! Um beijinho!!


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