São, somente, três anos e meio que a ataca leva de existência, mas já se pode falar de continuidade de processos, métodos e, acima de tudo, de princípios, pelo que a salutar rotatividade de dirigentes só veio realçar a vitalidade da Associação, e essa mesma continuidade de processos prova que o trabalho que vinha sendo realizado estava no caminho certo.
A partida deste grupo de voluntárias trouxe-me alguma paz de espírito pela qual ansiava há algum tempo, e sendo coordenado pela Rita dá-me a quase certeza que algo que no terreno pudesse estar menos bem será, seguramente, resolvido e normalizado.
Também, o regresso da Irmã Lídia Furtado aos destinos da Casa Esperança é a certeza que os seus detractores agiram com pouca dignidade intelectual ao elegê-la um alvo a abater como parceiro da ataca. Com o seu regresso ganharam, indiscutivelmente, as crianças, mantendo-se para a nossa associação a certeza de continuar a dialogar com um parceiro sério, dedicado e credível.
Quando no passado dia 18 estive no Sá Carneiro a despedir-me deste grupo de voluntárias, senti a mesma sensação de orgulho que me assaltou das três vezes que lá estive a despedir-me, pelo mesmo motivo, do meu filho. Tinha consciência que ia partir, num momento difícil, uma parte importante da ataca encarnada naquelas quatro jovens cheias de ilusão, indiferentes ás condições adversas que, indubitavelmente, irão ter que enfrentar e as obrigará a tomar decisões que nenhuma formação poderá prever, nem antecipar as suas soluções. Mas a vida de um voluntário é isso mesmo, é ter a capacidade de a cada momento reflectir com humildade e enfrentar as adversidades que se lhe colocam, adaptando-se à realidade que está a viver pondo em prática faculdades que nunca pensou possuir.
À Marta, Patrícia, Isabel e Rita quero deixar uma palavra de carinho e esperança no trabalho que vão realizar, permitindo-me lembrar-lhes que um pilar fundamental de uma ONGD, como a ataca, é nunca perder de vista que não há desenvolvimento sustentado sem a participação activa dos locais, pelo que há que obrigá-los a reflectir e a responsabilizar-se pelo seu próprio futuro, e tenham sempre em mente que não estão em Moçambique numa postura caritativa, antes sim, com objectivos concretos de trabalhar para o Desenvolvimento.
Um beijo para todas
Fernando Durana Pinto