Dizer que as últimas semanas têm despertado em nós um misto de emoções é pouco. Que semanas estas que passaram! Mas porque agora pouco interessa falar sobre coisas menos boas, passemos antes aquelas que valem bem a pena: aquelas que afinal de contas nos trouxeram cá e que são vividas em «cada entrega alucinada pra receber daquilo que aumenta o coração».

No domingo de Páscoa tive a oportunidade única de assistir a uma missa em chuabo com direito a canto, dança, djambés, vários baptizados e até um casamento misto entre uma católica e um muçulmano. Para mim que vejo a religião, acima de tudo, como uma ponte entre culturas/povos foi uma maravilha estar três horas sentada numa cadeira transportada de casa, numa igreja sem ventoinhas, com sol a bater na cara, entre quatro paredes brancas, sem fachadas de ouro/bronze em redor. Aqui sente-se tudo com a alma – aqui «anima»! Fica o vídeo para poderem ter uma ideia.
Ainda mais tarde neste dia, a tia Pata fez três bolinhos para todos cá em casa que pudemos desfrutar à hora do lanche .. portanto tivemos um dia em pleno!

Entretanto, como recompensa, fomos recebendo ao longo destas semanas boas notas dos rapazes da Casa que têm explicação connosco. E que bem sabe ver o nosso trabalho reconhecido. Miúdos que com um bocadinho de ajuda no método de estudo já ganham outra motivação!

Tive ainda a oportunidade de visitar algumas escolas para recolher notas dos afilhados, mas o que mais me cativou foi a ida aos bairros. É entrar noutra realidade. Não sei se é possível descrevê-la sem observá-la com os próprios olhos. De cada vez que entro num bairro, tenho a sensação de estar a entrar no paraíso. Bosques rodeados de árvores, terra fértil por cultivar, casas organizadas por quarteirões (cada quarteirão ou conjunto de casas tem um ‘secretário’) e, acima de tudo, uma paz e tranquilidade incríveis. Claro que falamos de casas, na sua maioria, feitas de paus e pedras e «cimentadas» à base de terra e água. Electricidade vai havendo, canalização nem pensar. Há latrinas, e muitas são já as casas em que a ATACA ajudou a construir essas mesmas latrinas para dar mais alguma dignidade e higiene sanitária a estas famílias. Porque efectivamente é a realidade deste povo e não será por isso que deixem de ser felizes ou ter oportunidades na vida. Têm é sem dúvida muito mérito se conseguirem alcançar o êxito. Ver o que eu tenho visto com os meus próprios olhos é uma lição de vida, uma verdade que eu via até hoje inalcançável mas que agora consigo perceber e avaliar segundo o meu discernimento, sem opiniões de terceiros (ainda que sempre procurando ouvir quem sabe e quem cá está há mais tempo). E não há nada que tenha mais valor que isso.

No dia 7 de Abril festejámos também nós o dia da Mulher Moçambicana. Já com a Rita em Quelimane, depois de uma visita ao projecto de Ocua de onde só chegam relatos de uma entrega e dedicação maravilhosos por parte das Irmãs Mila e São, tivemos oportunidade de celebrar um dia bem merecido em honra destas mulheres que são umas verdadeiras Lutadoras. Portanto, aqui vai a nossa merecida homenagem, com direito a capulanas e tudo!

A cereja no topo do bolo foi a ida à praia com o Gani. Confesso que nunca vi tanta terra «virgem» na minha vida. Estou maravilhada com aquilo que vi. A natureza no seu estado mais puro, sem deteriorizações, terra essa em que se pode observar um horizonte tão longínquo que chega a ser hipnotizante. E que dia bem passado. Um bem-haja para este nosso Amigo incansável!

Para finalizar, fiquem com estes sorrisos contagiantes. Que preciosidade!

Love is a winning game.

Isabel

3 Responses to tryin’ to throw our arms around the world
  1. Olá minha querida…fico deliciada ao lêr os teus posts ! na simplicidade da tua escrita, consigo sentir o que vai na tua alma, que é a tua entrega e dedicação a essa missão,o amor que dás a essas crianças será para sempre uma experiência única na tua vida. Muitos beijos e um graaaande xi coração. Mummy

  2. OLá Isabelinha

    Gostava que conhecesses a Lígia Silva que no dia 27 de Maio regressa a Quelimane. É uma amiga das tias da Isabel, que trabalhou na escola São Carlos Luanga.
    Por favor pergunta à irmã Lídia Maria onde é a casa dela.

    Muitos beijinhos nossos

    Zé Eduardo

  3. Olá, Isabel!
    Mais uma vez, muitos parabéns! Espero que te tenham feito uma festa de arromba. Muitas felicidades e que o imenso futuro que tens à tua frente seja risonho!
    Bjos para ti e para todas as nossas valentes voluntárias!
    Fernando


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