Antes e Depois
Ao fim de meses longe do que conhecemos, chega o sentimento de estarmos a viver numa realidade paralela. O sentimento é talvez reforçado pela falta de contacto com o mundo exterior através da internet, mas é muito mais do que isso. É o acordar e deitar num país completamente diferente, onde tudo o que tomamos por “normal” é “anormal”. Uma criança não tem um lápis para escrever na escola, muitos usam a mesma roupa durante anos até ao desgaste final, não têm o que comer dias e dias e não se queixam – cá é normal. Os brinquedos também são diferentes; a imaginação obriga a criá-los. Numa das nossas visitas encontrámos um pequeno a tocar bateria. Pratos, panelas e baldes mas ele estava compenetrado como se fosse de verdade (vejam se na foto encontram a plateia escondida!). Num outro dia, dois pequenos no bairro seguravam um pau com um carrinho rudimentar colado na ponta, feito de restos de cartão e tampas de garrafa. Se pensarmos bem, antes é que vivíamos numa realidade paralela, este é o mundo real.
Já na Casa Esperança as crianças estão de férias. É triste “ver a casa sem falar e sem andar” como diz o Josué que ainda cá está. A grande parte deles foi para casa de familiares para que não percam o contacto com a família que ainda têm, afinal de contas não hão-de ficar para sempre na Casa Esperança. A Irmã diz também ser bom num outro sentido: eles assim hão-de dar mais valor ao que têm na Casa Esperança quando voltarem. As poucas crianças que cá ficaram começaram agora a praticar basquetebol. Fomos a um centro desportivo para pedir que os deixassem lá praticar de graça e os pequenos já estão ansiosos pelos próximos treinos. Estamos a tentar que a prática continue para além das férias e que se alargue aos outros que ainda cá não estão. No início, fomos e jogámos com eles. Notaram que os outros tinham parado de jogar para os observar e ficaram mais acanhados ainda. Fomos então ter com a plateia e perguntámos se não queriam vir ensinar-nos a jogar e veio logo um grupo simpático juntar-se a nós. Ainda não lhes dissemos, e eles também ainda não repararam, mas o turno onde os puseram é o das meninas. Isto porque eles não sabem jogar e o clube é de competição. Alguma variedade no convívio diário deles só pode fazer-lhes bem.
O trabalho, esse, não dá descanso. Felizmente que terminámos alguma parte dele e agora… só falta muito outro trabalho: visitar a outra metade das famílias para ver em que é que gastaram o dinheiro, recolher as notas em falta dos pequenos mais esquecidos, pôr todos a fazerem a prenda de natal para os padrinhos (surpresa!), fazer a entrega de dinheiro e combinar em que se irá gastá-lo, processar toda esta informação para enviar para Portugal e ainda ir a Ocua.
Damos mais notícias mal possamos!Beijinhos de cá!
É tão bom ler as vossas estórias e perceber que as novidades na casa são muito positivas!! Força, continuação de um excelente trabalho! Bjs, Isabel
JOAO E FRANCISCA!!
UM GRANDE BEIJINHO DA PRIMA CARMINHO SC
Continuação do trabalho maravilhoso.
Beijinhos grandes,
Ângela
Valioso trabalho que merece a concideração e estima de todos nós.
Para aqueles que vivem no conforto e abastança da sociedade de consumo Europeia, é dificil imaginar as condições de vida destes povos.
Força amigos.
Retratos da vida de dois voluntários da ataca. Há dias que os vinha procurar aqui. Encurtam distâncias, dão-nos alento.
Obrigado, Francisca e João!
Bom trabalho!
Estamos juntos!
Fernando Leite