De volta a Quelimane! A sensação desta vez é diferente: já não é tão estranha a mudança do frio para o calor, embora a humidade seja agora maior – parece que se está a entrar numa casa de banho onde alguém acaba de sair de um longo banho quente – fica-se instantaneamente molhado e custa respirar.

Para respirar melhor ajudam os 4 banhos que tomamos diariamente e as ventoinhas. Na Casa Esperança já estragámos (sem querer) a ventoinha da Irmã com tanto uso, mas esta tem andado muito ocupada, o que nos comprou algum tempo para a mandarmos arranjar. Anda atarefada com muitas coisas que quer introduzir, entre elas a futura Grande Biblioteca da Casa Esperança. Será bom porque os livros em Quelimane são escassos, bastando para isso entrar na mais famosa livraria de cá para ver que não tem, além dos escolares, mais que 10 livros diferentes. Esta biblioteca será espantosa; que nós saibamos, será o único orfanato que providenciará um espaço onde os seus pequenos têm acesso a livros adequados para as suas idades. A Irmã já escolheu a sala e está agora a pedir orçamentos para as prateleiras. A ataca contribuiu com os livros que trouxemos, entre outros que já cá estavam – os mais cobiçados serão os de fábulas e os que têm a Leopoldina como personagem. Já imaginamos planos para pôr os pequenos a lá “viver”. Começa-se por arranjar a única ventoinha e põe-se dentro da biblioteca (todos os incentivos para que leiam são bons, mesmo os incentivos malandros).

Além da biblioteca, a Irmã anda muito envolvida com as tarefas diárias da Casa, supervisionando como é que as refeições são feitas e se os miúdos não desviaram, por “engano”, alguns dos alimentos. Ontem deu 9 canecas de arroz para ser cozinhado. Quando voltou à cozinha decidiu voltar a contar o arroz: 8 canecas. Não é por lhes faltar alimento, são maus hábitos ganhos, os quais se tentarão erradicar com trabalho e muita paciência. Para criar novos hábitos, a Irmã já transferiu alguns para escolas técnicas (electricidade e mecânica) e nós os dois vamos amanhã inscrever todos no clube local para praticarem regularmente desportos (karaté, futebol e basquete); já recolhemos as preferências de cada um.

A Irmã tem lutado para que os pequenos andem limpos e não tem sido uma batalha fácil. Ontem distribuiu à frente de todos algumas jeans oferecidas. Mas deu com critério, somente àqueles que se esforçam por se manterem bem apresentados: “Se não conseguem tratar da roupa que já têm também não irão lavar estas jeans!” – diz aos restantes que observam a distribuição. Vamos ver se nos próximos dias mais pequenos as merecem.

O prato do dia hoje: Chuva com chuva. Andamos no táxi bicicleta por causa da pressa e mais parecia que estávamos num barco. As ruas estão alagadas e temos de levantar os pés para não ficarmos molhados enquanto a nossa lancha corta o rio. Um “bruto”, como lhe chamou o taxista, passa a acelerar de carro molhando toda a gente (a nós também), as meninas no passeio a saírem da escola gritam “ÍÍÍÍÍÍ”. Ele abranda, por delicadeza, e é insultado. Chegámos são e salvos. Embora molhados, é bom voltar a Moçambique – prontos a ATACAR!!
5 Responses to O Regresso
  1. Uau! Tantas novidades e em tão pouco tempo 🙂
    Força para as ideias "malandras" que levam os meninos a ler: se quiserem mais algumas é só dizer – tentamos fazer por cá um brainstorming…

    Estamos muito orgulhosas dos dois e a torcer para que a biblioteca cresça com a mesma força que a vontade de ler mais, por parte das crianças!

    Se ajudar, digam que as tias gostavam muito de ouvir uma gravação de um livro lido por todos e para todos, em que cada criança (depois de se identificar)desse o seu contributo com a leitura de um "capítulo" – esse feito encher-nos-ía de orgulho 🙂

    Um abraço daqueles mesmo bons das para sempre

    Sisters

    PS: Força para a profissionalização e o desporto… Vivam a Francisca e o João!!!!

  2. João e Francisca,

    É tão bom perceber que no vosso dia-a-dia de voluntários se esforçam diariamente por aumentar o "já fizemos" e dimnuir o "ainda não" na maratona que é a ajuda da ataca às nossas crianças.

    Contínua a ser um previlégio trabalhar convosco a 8000km de distância.

    Abração,
    Miguel Freitas

  3. O orgulho que tenho em vocês é muito grande!
    Obrigada por serem as nossas mãos, pés e pernas aí!!
    Nós cá estaremos sempre para vós!

    Estamos Juntos

  4. Ohhhh que já recomeçaram com muita força!!!

    Beijinhos e continuem a ATACAr:)

    Ângela.


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