“1 de Junho, dia da criança, cantamos com alegria é dia da criança… 1 de Junho, dia da criança, cantamos com alegria é dia da criança !”
E assim, sucessivamente, se ouvia no passado dia um – na Casa Esperança, na rua, nas escolas, esta cantiga marcava a ordem do dia. O Dia da Criança aqui, em Moçambique, é vivido de uma forma muito peculiar – eu, pelo menos, não tinha a noção que era vivido desta maneira – todas as escolas fazem uma festa para as crianças! Dependendo das escolas, existem duas situações possíveis: ou as mamãs cozinham em casa a refeição (almoço) e as crianças levam para a escola e comem em conjunto com todos os amigos, ou as mamãs dão uma determinada quantia, em dinheiro, ao responsável da turma (Director de Turma) e todos os responsáveis de cada turma reúnem o dinheiro, compram os alimentos e cozinham na escola, para todas as crianças. Para não falar que as ruas andavam cheias de crianças a desfilar e a cantar. Engraçado era andar pelos bairros e sentir um ambiente diferente – tudo era calmo, não havia agitação, tudo estava em paz… Olhávamos para as crianças, e víamos e serenidade nelas, como se estivessem rodeadas por uma áurea que as protegia de todo o mal, de todos os perigos, neste dia especial para elas.
E, por ser um dia especial para todas as crianças, elas usam roupa e sapatos novos, arranjam o cabelo e a comida, neste dia, não é apenas, como na maioria dos casos, xima – comem macarrão (massa esparguete), galinha, bebem sumo.
Sendo a ataca, uma organização que actua em prol do bem-estar e da felicidades de todas estas crianças, nós, voluntários, aqui no terreno não poderíamos deixar de festejar, com todas as crianças, que apoiamos este dia tão especial, em nome da ataca– pois a ataca não é só em Moçambique ou só em Portugal – é nos dois países! E para vocês, que estão aí, desse lado, penso que vos deve saber bem, ter conhecimento de que todas as crianças que apoiamos foram muito felizes com o nosso festejo!
Como nos dias 1 e 2 as escolas andariam em festa, fizemos a nossa no dia 3 (domingo) para que não houvesse sobreposição de festejos. Realizou-se na Escolinha de Coalane, e abrangia as crianças externas e as crianças da Casa Esperança. Toda a festa foi organizada, em parceria, com os Escuteiros – tínhamos delineado um conjunto de actividades e jogos: concurso de dança, montagem de uma tenda de campismo, jogo do saco, concurso de cultura geral (perguntas e respostas), entre outros. Infelizmente, a chuva não ajudou ao nosso plano e tivemos de o alterar: como todas actividades e jogos estavam definidas para serem realizadas no exterior, tivemos de passar para dentro da escolinha. Assim, formou-se um mega jogo de Cultura Geral em que existiam, apenas, duas equipas: o lado direito da sala formava uma equipa e o lado esquerdo formava outra equipa. Bem… Não imaginam a felicidade de toas as crianças e mamãs…. Para não falar da minha e de todos os outros voluntários e colaboradores. Os momentos são únicos e ficarão guardados no coração de cada pessoa que participou neste festejo!
Uma das coisas, que mais me maravilhou, foi ver todas as crianças com postura de pequenas/pequenos mulheres/homens (que neste contexto, todas as crianças são “pequenos adultos”, durante todo o ano) mas, neste dia, notava-se a consciência plena de que o dia era feito para eles e, por isso, ninguém lhes podia surripiar tudo a que tivessem direito. Para não falar, da plena consciência que têm dos seus direitos – no concurso de Cultura Geral, uma das perguntas era: “Quais são os direitos das crianças?” – e, logo, uma criança da Casa Esperança se levantou a pedir para responder… E numa postura firma e com voz segura disse os seguintes direitos:
1- A criança tem direito de estudar;
2- A criança tem direito a ter um nome;
3- A criança tem direito a ter uma família;
4- A criança tem direito de ter educação;
5- A criança tem direito à protecção;
6- A criança tem direito a ter uma casa;
7- A criança tem direito a ter uma nacionalidade.
Melhor não poderia ter sido, e é por isto que trabalhamos, é por isto que o nosso trabalho tem o valar que tem! Que na minha opinião, um valor que não se consegue medir, um valor que não tem preço!
No entanto, não deixa de ser curioso que num pais, onde estes direitos são violados e em muitos casos, de forma extrema, chegado o dia 1 de Junho, todas as pessoas sentem a obrigação de dar tudo de melhor às crianças!
Uma coisa se notou – a Criança é Valorizada! Mas, na maioria dos casos as famílias não têm as condições básicas e necessárias garantidas para conseguirem, durante todo o ano, dar o melhor às suas crianças!
A Esperança é o Futuro!
Estamos juntos!
Beijinhos e abraços,
Até breve!
Rita Castro Meneses
Olá Rita! É bom saber que as crianças conhecem os seus direitos! É sinal que a educação funciona e de que há esperança que no futuro os reivindiquem com a certeza de quem sabe.
beijo grande daqui de longe=),
João