… Por muito que negue, a entrada num novo ano para mim tem significado. Por muito que repita da boca para fora que: “é apenas uma noite”; “é simplesmente a passagem de um ano para o outro”; “no dia seguinte tudo será igual”; “nada vai mudar”. O que é certo é que na realidade, e por muito momentânea que seja, a esperança que sinto no último dia do ano é superior aos outros 364 dias.

 Antes de celebrar um novo ano, penso que todos nós paramos e reflectimos sobre o ano que passou. Lembram-nos de todos os nossos triunfos e falhas, de todas as promessas feitas e quebradas, das vezes que nos abrimos para grandes aventuras ou das vezes que nos fechamos por medo de nos magoar. Fazemos o nosso pequeno balanço e por muito que digamos que tudo está igual, há sempre uma pequena mudança. Um amor que apareceu, ou se perdeu; perdemos emprego ou ganhamos experiência profissional, novos laços de amizade foram criados, outros fortalecidos; apanhamos desilusões; temos surpresas, etc…

Eu, pelo menos, continuo de ano para ano a fazer isso, e porquê? Porque é sobre isso que na minha opinião o novo ano se trata. Acreditar que o novo ano nos dará mais, que de alguma forma vai alterar a nossa vida para melhor. O novo ano, é para mim, uma nova hipótese. Hipótese de perdoar, de fazer melhor, fazer mais, dar mais, amar mais. Parar de pensar “e se”, e apenas aceitar e aproveitar o que venha a acontecer.

 Se há um ano, na noite de 31 de Dezembro de 2011, para 01 de Janeiro de 2012 me relevassem o meu futuro e a mudança que a minha vida durante o ano de 2012 iria sofrer, tenho a certeza que não acreditaria.

Jamais acreditaria que viria para Moçambique numa missão tão especial. Jamais acreditaria que iria passear nas ruas e quase ser atropelada por ratazanas, que iria olhar a minha volta, e ver as pessoas circularem nas ruas descalças, que iria ter de esperar pacientemente por tudo sem reclamar, que iria ser tratada pela “ Branca”, que teria de assistir a crianças de 13anos serem mamãs, que teria de viver com uma osga em casa e gostar da presença dela por causa da Malária, que caminharia na rua e de 2 em 2 minutos teria de cumprimentar pessoas que nunca vi com um sorriso, que teria de ajudar crianças que frequentarem o 5ºano a estudarem, mas que não sabem ler. Enfim, jamais acreditaria que teria de viver durante 6meses entre o “normal africano” e o “normal europeu” a tentar conseguir encontrar um equilíbrio entre os diferentes normais e procurar sentir que de alguma forma contribui para tornar o meu normal, mais normal na sociedade africana.

 Por isso e muito mais, mesmo que por vezes os pensamentos negativos prevaleçam, todos os anos e mesmo com a idade a aumentar, os rituais vão acontecendo. Peço desejos, rodeio-me das pessoas que gosto e me fazem bem. Subo para uma cadeira, ergo o pé esquerdo, como uvas/passas e penso nem que seja momentaneamente: “este ano vai ser melhor”. E agora pergunto, não há esperança? Claro que há esperança J

Então quando o novo ano entrar, tentem se lembrar de uma simples frase que ouvi e nunca mais esqueci:

“O que farias hoje se soubesses que não falharias?…. Então vai e faz.”

 Feliz 2013 para todos

Micaela Lopes

One Response to Magia da entrada num novo ano
  1. Feliz 2013 Micaela! Obrigado por me inspirares em 2012 e desde que sigo este blogue, em 2013 certamente o continuarás a fazer. Muito obrigado. E boa sorte com tudo o que este ano te trouxer. ♥


[top]

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *